quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Narciso e o Espelho Moderno

Reflexo Digital

 

No lago sereno de outrora, Narciso fitava o espelho da água,

Hoje, no vidro da tela, o rosto se enquadra, sem mágoa.

A mão estendida, o ângulo perfeito,

Busca no clique o amor mais estreito.

 

Pixel por pixel, constrói-se o altar,

Do ego que pulsa, do olhar a brilhar.

Não há ninfa que o distraia, nem voz que o chame,

Só o próprio retrato que inflama e inflame.

 

Corações vermelhos, aplausos virtuais,

São ecos modernos dos deuses banais.

Mas o espelho cansa, e a imagem se esvai,

O que resta do ser, quando o filtro cai?

 

O Cordel do Selfie e Narciso

 

No tempo antigo e distante,

Narciso olhava o espelho,

Via seu rosto brilhante,

No lago feito joelho.

Hoje é tela reluzente,

Que prende o olhar da gente,

Num clique cheio de zelo.

 

O braço vai esticado,

Buscando o ângulo ideal,

O fundo bem enquadrado,

O filtro sensacional.

A imagem vira altar,

Do ego a se exaltar,

Num culto quase imortal.

 

Corações vão pipocando,

Curtidas mil a chegar,

E o peito vai se inflando,

Com fama a se alimentar.

Mas quando o brilho se esconde,

E o silêncio se responde,

Quem é que vai te abraçar?

 

O espelho digital cansa,

A beleza se desfaz,

A alma pede esperança,

Mas não encontra jamais.

Pois quem só ama a aparência,

Perde a própria essência,

E vive em busca de paz.

 

Narciso e o Selfie

 

No lago calmo, Narciso se via,

Reflexo perfeito, pura poesia.

Mas hoje, o espelho é digital,

Com filtros, likes e toque banal.

 

Ele não mais se curva à água serena, 

(Olha pra cima ou estufa o peito)

Agora sorri com pose e cena.

O celular é seu novo altar,

Onde se vê, se edita, se faz brilhar.

 

Clica, posta, espera o louvor,

De corações que vibram amor.

Mas no fundo, o mesmo dilema:

Amar-se demais — eterna cena.

 

O selfie é grito, é busca, é véu,

É Narciso no espelho do céu.

E enquanto o mundo aplaude o perfil,

Ele se perde, sutil e sutil.

 

Narciso no Instagram

 

Narciso um dia olhou pro rio,

Achou bonito, fez um sorrisinho.

Mas hoje em dia, que evolução!

Ele só se vê na câmera do iPhone, irmão.

 

Com filtro de anjo, luz de ring light,

Posta no feed: “Acordei assim, tá?”

Na legenda, um verso profundo e chique:

“Seja você mesmo” — com 30 selfies no clique.

 

Curte os próprios posts, comenta com emoji,

Faz carão, bico, pose de iogue.

Segue só quem segue de volta, é claro,

E bloqueia quem diz: “Tá meio bizarro…”

 

No espelho do lago, caiu de paixão,

Mas no espelho do app, virou sensação.

Narciso moderno, vaidoso e esperto,

Só não aceita foto sem filtro por perto!

 

Lorenzo no Espelho

 

Lorenzo vive em telas brilhantes,

Com filtros suaves e poses marcantes.

Seu mundo é feito de luz e cenário,

Mas por dentro, é um palco solitário.

 

Posta sorrisos, legendas de amor,

Mas sente vazio atrás do glamour.

Cada curtida é um sopro de vida,

Cada silêncio, uma ferida escondida.

 

Amigos o cercam, mas não o tocam,

São sombras que passam, que logo se chocam.

Ele fala de si com paixão e fervor,

Mas não sabe escutar o som do amor.

 

No alto do prédio, entre vidro e neon,

Lorenzo se vê — mas não vê quem é, não.

O reflexo é belo, mas falta calor,

Falta alguém que o veja sem filtro, sem cor.

 

E um dia, sem likes, sem aplauso, sem cena,

Ele se olha de frente, sem pena.

Descobre que o espelho mais verdadeiro

É aquele que mostra o que há por inteiro.

 

Selfie de Narciso

 

No lago calmo do celular,

Narciso busca se eternizar.

Não mais espelho d’água serena,

Mas tela viva, vaidade plena.

 

Com filtro, luz e pose ensaiada,

Captura a alma enamorada.

Não vê o mundo, nem vê o outro,

Só seu reflexo, sempre mais douto.

 

Curte, comenta, compartilha a face,

Na rede onde o ego nunca se desfaz.

Mas quanto mais se vê, mais se perde,

Na ilusão que a imagem concede.

 

E o lago? Agora é digital,

Profundo, frio, impessoal.

Narciso afoga-se em atenção,

Sedento por validação.

 

Narciso em Modo Retrato

 

Narciso acordou, cabelo em pé,

Mas viu seu reflexo e gritou: “Olé!”

Com celular em punho e filtro na mão,

Fez pose de galã, virou sensação.

 

“Espelho, espelho meu, cadê meu nariz?”

O filtro sumiu com ele — que chafariz!

Postou no feed com legenda ousada:

“Beleza rara, não cabe em nada!”

 

Curtidas choveram, ele se empolgou,

Respondeu os comentários com ar de pavão.

Mas ao ver um emoji de cocô na reação,

Teve crise existencial e apagou a publicação.

 

Tentou outra selfie, agora no banheiro,

Com cara de pensador e olhar verdadeiro.

Mas o flash revelou um detalhe cruel:

Papel higiênico pendurado no calcanhar fiel.

 

Moral da história? Narciso aprendeu:

Nem todo reflexo é o que parece ser, meu!

E que a vaidade, em tempos de internet,

É só mais um filtro — com bug, se der sorte!

Seja você mesmo”: Selfie com filtro.

 

Narciso Moderno

 

No espelho da tela brilhante,

vive o novo Narciso errante.

Não mais à beira do lago sereno,

mas no feed que nunca é pleno.

 

Selfies em série, likes em flor,

busca constante por falso amor.

Reflete-se em pixels e filtros mil,

num mundo de ego sutil e febril.

 

O toque desliza, o olhar se prende,

na imagem que nunca surpreende.

Curte-se a si, ignora o outro,

num ciclo vazio, quase roto.

 

Espelho, espelho, digital irmão,

quem é o mais belo da conexão?

A resposta vem em notificações,

mas nunca preenche corações.

 

Narciso moderno, tão conectado,

mas no fundo, tão isolado.

Afoga-se em redes, em vaidade,

clamando por um toque de verdade.

 

Narciso Moderno (versão zoeira)

 

No lago? Que nada, é ultrapassado!

Narciso agora é bem conectado.

Com filtro na cara e pose ensaiada,

posta stories até de madrugada.

 

Espelho virou celular na mão,

com ring light e muita edição.

Se vê tão lindo no Instagram,

que até esquece de quem ele é fã.

 

“Bom dia, mundo!” — diz no TikTok,

com dancinha, café e meia no pé só.

Segue quem curte, bloqueia quem fala,

e vive num loop de selfie e gala.

 

No Tinder desliza com convicção,

mas só dá match com o próprio botão.

E se alguém ousa não dar um like,

Narciso chora, faz drama e um strike.

 

No fundo, é só um carente vaidoso,

com Wi-Fi forte e ego poderoso.

Afogado em views e comentários,

sonha em virar lenda... dos virais diários.

 

 

 

Narciso Moderno em Cordel

 

Narciso, cabra vaidoso, (amostrado)

lá das lenda do sertão,

trocou o espelho do rio

por um celular na mão.

 

Hoje vive se exibindo

feito galo em dia de feira,

com filtro, pose e sorriso

na tela da baboseira.

 

No Instagram ele é rei,

no TikTok é dançarino,

faz careta, faz dancinha,

parece até um menino.

 

No zap manda bom dia

com figurinha animada,

e se não recebe emoji,

fica logo de cara fechada.

 

No espelho do celular

se acha o mais bonitão,

mas esquece que por dentro

tem só carência e ilusão.

 

Se alguém não dá curtida,

ele sofre, fica triste,

diz que o mundo é cruel

e que ninguém mais existe.

 

Mas no fundo, esse Narciso

é só um cabra carente,

que trocou o olho no olho

por curtida de gente ausente.

 

Narciso Moderno – Rima Matuta

 

Narciso era um cabra vaidoso,

lá das história do tempo antigo,

mas hoje virou influenciador,

com celular e muito amigo.

 

No lugar do espelho d’água,

usa a tela do celular,

vive postando retrato,

só pra se auto-admirar.

 

Bota filtro, faz careta,

ajeita o topete no vento,

e se o povo não dá curtida,

ele entra em sofrimento.

 

No zap manda bom dia,

com figurinha de coração,

se não recebe resposta,

fica triste, sem razão.

 

No TikTok dança ligeiro,

com um passo meio torto,

acha que é celebridade,

mas só tem fama no porto.

 

No Insta se acha bonito,

mais que o sol do mês de abril,

mas sem os filtro e maquiagem,

parece um jegue sutil.

 

Se alguém diz que ele é feio,

ele logo se aperreia,

faz textão, chora nos stories,

e diz que o mundo é uma teia.

 

Mas no fundo é só um cabra,

que quer carinho e atenção,

trocou o cheiro da roça

por curtida e ostentação.

 

Poema da Selfie

 

Acorda, espreguiça, ajeita o cabelo,

nem escovou o dente, já tá no modelo.

Pega o celular, mira com precisão,

faz biquinho e pose de galã do sertão.

 

No banheiro, na rua, até no busão,

a selfie é rainha da geração.

Com filtro, sem filtro, com luz ou sem,

o importante é parecer alguém.

 

Na praia, na chuva, no pé do fogão,

tem selfie até com o feijão no balcão.

E se não render uns bons coraçõezinhos,

apaga e refaz com mais carinhos.

 

Tem selfie de gato, de planta, de pé,

tem gente que posta até o café.

Mas no fundo, no fundo, o que se quer ver,

é um pouco de afeto, alguém pra dizer:

 

“Tá bonito, tá massa, tá bom demais!”

Mesmo que seja só por sinais.

Porque a selfie, no fim, é só um espelho,

pedindo carinho, feito um conselho.