Silêncio que fala
No silêncio que ecoa entre os dias,
há um espaço que não se preenche,
um sopro frio entre melodias,
onde o tempo se curva em noites vazias.
É ausência que pesa no peito,
um eco sem voz, sem direção,
como se o mundo, imperfeito,
desaprendesse a pulsar sem emoção.
O vazio não grita, apenas se cala,
ferindo e deixando cicatriz,
é sombra que dança como fumaça
o que um dia foi chama feliz.
Não há beleza nesse abismo ao vento,
onde tudo parece se desfazer:
é nele que nasce o pensamento,
e a alma aprende a renascer.
No fundo da noite calada,
quando o mundo parece dormir,
o vazio se deita na alma
e a solidão começa a sorrir.
Sombras que não têm formas,
mas pesam como algo não dito,
um eco que nunca retorna,
um grito que morre no infinito.
O vazio é ausência que aperta,
a solidão, presença que fere.
Juntas, são portas entreabertas
para dor que a ninguém transfere.
Não há beleza nesse escuro,
Só um espaço onde tudo se cala,
onde o coração, inseguro,
se escuta, não se encontra, nem fala.
Mas, do fundo do nada, às vezes,
Pode nascer um sopro de criação:
o vazio é como tela em branco ou escuridão,
E a solidão, como tinta da inspiração.
Na penumbra do quarto calado,
a solidão se senta ao meu lado.
Não pede licença, não faz alarde,
apenas chega — e fica até tarde.
O relógio marca o tempo lento,
cada segundo é um pensamento.
As paredes ouvem o que não digo,
meus ecos são meu abrigo.
Não há beleza nesse vazio estranho,
como um campo sem flores, sem sonho.
A alma vagueia por entre lembranças,
buscando vozes, sem esperanças.
Não há força em estar só,
um reencontro com o próprio pó.
Na ausência de tudo, me reencontro,
sou inteiro, incompleto nesses desencontros.
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