sábado, 15 de novembro de 2025

O Vazio:

Silêncio que fala


No silêncio que ecoa entre os dias,

há um espaço que não se preenche,

um sopro frio entre melodias,

onde o tempo se curva em noites vazias.

 

É ausência que pesa no peito,

um eco sem voz, sem direção,

como se o mundo, imperfeito,

desaprendesse a pulsar sem emoção.

 

O vazio não grita, apenas se cala,

ferindo e deixando cicatriz,

é sombra que dança como fumaça

o que um dia foi chama feliz.

 

Não há beleza nesse abismo ao vento,

onde tudo parece se desfazer:

é nele que nasce o pensamento,

e a alma aprende a renascer.

 

No fundo da noite calada,

quando o mundo parece dormir,

o vazio se deita na alma

e a solidão começa a sorrir.

 

Sombras que não têm formas,

mas pesam como algo não dito,

um eco que nunca retorna,

um grito que morre no infinito.

 

O vazio é ausência que aperta,

a solidão, presença que fere.

Juntas, são portas entreabertas

para dor que a ninguém transfere.

 

Não há beleza nesse escuro,

um espaço onde tudo se cala,

onde o coração, inseguro,

se escuta, não se encontra, nem fala.

 

Mas, do fundo do nada, às vezes,

Pode nascer um sopro de criação:

o vazio é como tela em branco ou escuridão,

E a solidão, como tinta da inspiração.

 

Na penumbra do quarto calado,

a solidão se senta ao meu lado.

Não pede licença, não faz alarde,

apenas chega — e fica até tarde.

 

O relógio marca o tempo lento,

cada segundo é um pensamento.

As paredes ouvem o que não digo,

meus ecos são meu abrigo.

 

Não há beleza nesse vazio estranho,

como um campo sem flores, sem sonho.

A alma vagueia por entre lembranças,

buscando vozes, sem esperanças.

 

Não há força em estar só,

um reencontro com o próprio pó.

Na ausência de tudo, me reencontro,

sou inteiro, incompleto nesses desencontros.

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