segunda-feira, 13 de junho de 2022

A Nobreza do Sagrado Ministério

A NOBREZA DO SAGRADO MINISTÉRIO

Esse texto visa considerar a excelência e dificuldades do Ministério da Palavra, iniciando por uma breve (recordação) apresentação do processo de capacitação e ordenação dos pastores presbiterianos. Em seguida, observaremos algumas exortações bíblicas sobre esse sagrado ofício.

O apóstolo Paulo falando a Timóteo sobre a obra do SENHOR diz que aqueles a desejam, almejam uma excelente obra e que esses precisam estar habilitados. Dentre suas qualificações, deve ser também primeiramente experimentados (1Tm 3.1-12). Desses princípios surgem a prática de exame e preparação dos candidatos ao sagrado ministério em nossas igrejas e seus concílios.

Alguns passos normalmente são adotados visando a confirmação do chamado, especialmente para o ministério da Palavra:

1.       O chamado interno

- Esse se assemelha muitas vezes a fé (vocação eficaz). Há um desejo, convicção, temor da responsabilidade, relutância ou disposta prontidão de obedecer ao chamado. Essas são particularidades de cada um. Ex.: Moisés, Jeremias, Isaías, Mateus, Paulo. (Calvino chegou a ser constrangido e intimado por Guilherme Farel)

2.       O exame da liderança eclesiástica

- Realizado em duas partes:

1. Igreja (conselho): a observação e testemunho da liderança local, seguido pela análise das convicções e motivações do aspirante. (em igrejas que adotam o sistema ou forma governo episcopal, geralmente a liderança conduz ao cargo e ordenação ao sagrado ofício).

Testemunho pessoal (histórico), onde se ressalta questões da vida em geral, família, atividades e relacionamentos. Paulo relembra o privilégio de Timóteo que herdou a fé que habitou na avó e mãe, e também o acompanhava, sendo este instruído nas sagradas letras desde a infância, diz ainda que sua fé era confirmada por muitas testemunhas.”

“Responsabilidade do Conselho: Quem se sentir chamado para o ofício de Ministro da Palavra de Deus deverá, preliminarmente, estar arrolado como membro e perfeitamente integrado na vida da Igreja... quem se apresentar como vocacionado para o ofício de pastor precisa demonstrar, através de vivências e práticas, a sincera vocação para o ministério pastoral. Cabe ao conselho atestar e validar a vocação do declarante. Para fazê-lo, o conselho deve ter absoluto conhecimento das habilidades, competências, virtudes e aptidões do declarante. Em hipótese alguma, sob qualquer pretexto, o conselho deve abdicar deste direito e dever que lhe confere a Constituição da Igreja. O conselho precisa exercer esta competência com piedade, amor e profundo senso de responsabilidade. O Conselho da Igreja Local é o Concílio Responsável Pela Comprovação Vocacional do Declarante. Cabe ao conselho da igreja, como Concílio que é, comprovar a alegada vocação de quem se candidata ao Ministério da Palavra de Deus. O conselho precisa estar convencido desta sua responsabilidade nesta fase decisiva do vocacionado. Só o conselho pode realizar esta comprovação. Nenhum outro concílio poderá substituí-lo nesta delegação de competência. Por isso mesmo, o conselho não pode eximir-se deste privilégio. É o conselho que tem a responsabilidade de declarar que, no trabalho da Igreja, o declarante demonstrou vocação para o Ministério Sagrado. A Constituição da Igreja, na alínea b do artigo 115, confere esta competência exclusivamente ao conselho. Não o faz a nenhum oficial da igreja, em particular, e nem a nenhum outro concílio. Esta competência é conferida ao conselho na sua condição de concílio. É preciso que a deliberação seja tomada em reunião formal. É decisão importante, grave, solene e de profundo significado na vida do declarante e também no futuro da igreja. Qualquer descuido, omissão ou desídia nesta avaliação poderá comprometer o futuro de um oficial da igreja ou a própria igreja. Para declarar que no trabalho da igreja o declarante já demonstrou vocação para o Ministério Sagrado, o conselho precisa certificar-se de que a declaração é absolutamente verdadeira. Declaração que não possa ser comprovada é inidônea e o conselho jamais pode atestar que alguém demonstrou vocação para o Ministério Sagrado apenas por ouvir dizer, ou porque o próprio interessado, numa auto-avaliação, julgou-se vocacionado. O conselho precisa dispor de elementos concretos para a sua própria convicção... Os critérios bíblicos gerais que o Conselho deve buscar identificar em vocacionados a ofícios eclesiásticos são indicados em Atos 6:3: integridade moral, capacitação espiritual e qualificação funcional. Diáconos, presbíteros regentes e presbíteros docentes devem ser “homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria” para o exercício de suas funções. As qualificações específicas exigidas para o exercício do ministério da Palavra são relacionadas especialmente em 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9a. Elas incluem boa reputação, vida familiar exemplar, moderação, domínio próprio, sobriedade, modéstia, experiência, piedade, fidelidade à Palavra de Deus e aptidão para o ensino...” (Manual do Candidato, págs. 17-18)

*O manual citado ainda oferece um questionário com alguns itens sugeridos que podem servir de roteiro nessa avaliação.

2. Presbitério: Apreciação inicial; conhecendo a história, convicções e motivações, sendo as respostas satisfatórias, o aspirante passa ser considerado candidato ao sagrado ministério; passando para preparação e capacitação teológica, recebendo um tutor eclesiástico que acompanhará seus estudos, estágios de atividades práticas e vida pessoal, orientado e ajudando-o em suas dificuldades e prestando relatórios aos concílios. A preparação hoje se tornou mais institucional, por meios de cursos teológicos disponibilizados pelos seminários. No passado o tutor ficava responsável pelo treinamento tanto pastoral quanto doutrinário desse candidato.

Concluído o tempo de estudos (em média 4 anos), o presbitério passa ao exame da capacitação teologia: 1. Sermão de prova; 2. Trabalho de pesquisa Exegética, com tradução e análise das línguas bíblicas (hebraico e grego); 3. Monografia ou tese, onde se demonstra a condição de se defender um tema doutrinário, à luz da Escritura e história da igreja; 4. Sabatina sobre confessionalidade e diversas questões teológicas. (no caso da Igreja Presbiteriana do Brasil)

Sendo os dons atestados com seus requisitos satisfeitos, segue-se a ocasião da ordenação, referida como “imposição das mãos do presbitério”.

3.       A confirmação e reconhecimento da igreja

- A igreja passa a reconhecer alguns dons e ver-lhe como líder vocacionado por Deus (para o pastorado/presbiterato ou diaconato), nas igrejas que adotam  sistemas democráticos, há algum tipo de eleição (escolha) eclesiástica. Os apóstolos orientaram a igreja que observassem o caráter e a vida na escolha dos seus oficiais, deveriam observar se eram homens cheios do Espírito, ou seja, se há evidencias e frutos de uma verdadeira conversão, santificação e dedicação ao Senhor, tendo bom testemunho dentro e fora da igreja, no lar (família) e sociedade, pois eles serão padrão do rebanho e para o rebanho.

Concluída essa fase, a mais simples do pastorado, inicia-se os desafios do pastoreio. Certa vez li uma frase em um artigo de uma revista puritana que resume bem o primeiro desafio pratico do ministro, dizia que “o maior trabalho do pastor é manter-se vivo”. O pastorado é muito mais desgastante e árduo do que os olhos podem ver, só sabe do que falamos aqueles que estão na linha de frente dessa batalha espiritual, um pastor chegou a comparar a pregação com o trabalho de um exorcista.

Contudo, como afirma Cornelis Van Dam sobre o ofício e dons necessários: "Um ofício eclesiástico pode ser definido como uma tarefa dada por Deus para um serviço específico, contínuo e institucional à sua igreja, visando a sua edificação... Quando Deus dá uma tarefa, ele também provê os dons necessários para a sua realização. O direito ao exercício do ofício eclesiástico, no entanto, não reside nos dons que alguém possa ter, mas no Senhor que chama para o serviço." (Livro: "O Presbítero: Orientações bíblica essencial sobre um ofício indispensável para a igreja." Cornelis Van Dam. Editora Cultura Cristã, 2019. pág. 18).

Deixemos primeiramente que Cristo, os profetas e apóstolos, com suas palavras e vida testemunhem dessa verdade, eles sentiram e sofreram em maior grau que nós.

As dificuldades (Sl 23; Jo 10)

Lutas internas e externas:

Relembremos também suas palavras de convicção, firmeza e incentivo.

"excelente obra almeja... primeiramente experimentados" (1Tm 3)

"provasse as coisas excelentes" (Rm 12)

"Fonte de lucro é a piedade" (Tm)

"O dom que há em ti, por imposição de mãos". (Tm)

"Arquipo, atenta para o ministério..." (Cl 4.17)

“Que eu complete a carreira que me está proposta... Completei a carreira...”

*(Em desenvolvimento...)

Artigos Relacionados: 

- Os Obstáculos e Dificuldades do Cristão

- Ânimo

- Vida Expositiva

- Ouvintes Melindrosos

- Servos Adoradores ou Desertores

Indicações de Leitura:

            - O Pastor Aprovado - Richard Baxter. Ed. PES.

- Um Trabalho de Amor: Prioridades Pastorais de um Puritano - Stephen Yuille. Ed. Os Puritanos

- Vocação Perigosa: Os tremendos desafios do ministério pastoral - Paul Tripp. Ed. Cultura Cristã

- A Dor Invisível dos Presbíteros - Luciana Campos. Ed. Vozes.

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