Acorda e já pega o celular,
nem café, nem bom dia pra dar.
O dedo desliza sem rumo nem fim,
mas o mundo lá fora tá longe de mim.
Na rede se vive de filtro e curtida,
mas por dentro a alma anda meio perdida.
Comparo meu dia com o post do vizinho,
e esqueço que a vida não tem só um caminho.
Tem gente que ri só pra foto sair,
mas no fundo queria era mesmo fugir.
E o tempo escorrendo igual areia na mão,
pra ganhar um “like” e perder conexão.
A conversa virou notificação,
amizade virou reação.
E o olho que brilha na tela azulada
já não vê quem tá na mesma estrada.
O excesso nos prende, nos faz esquecer
que o mundo é mais vivo quando se quer ver.
Então larga um pouquinho, respira, repara:
a vida acontece fora da cara.
Acorda e já pega o bicho,
o tal do celular,
nem reza, nem toma café,
mas, já tá com o dedo lá.
Na vitrine azul da rede sem fim,
exibo sorrisos que não são de mim.
Filtros moldam o que quero mostrar,
mas será que alguém vai me notar?
Corações vermelhos, aplausos digitais,
valem mais que abraços reais?
Na ânsia de ser visto, ser curtido,
me perco no feed, sou só um ruído.
Stories que somem em vinte e quatro,
mas deixam rastros no peito exato.
Comentários doces, emojis em flor,
mas quem me vê além do glamour?
A tela brilha, me chama, seduz,
mas apaga aos poucos minha própria luz.
Sou perfil, sou post, sou notificação,
mas onde está minha real conexão?
Na internet, sou tudo que quiser,
mas será que sou alguém ou outro qualquer?
Na tela brilhante do meu celular,
exibo sorrisos pra me camuflar.
Por trás dos stories e da ilusão,
vive um vazio, sem direção.
Posto alegria, recebo atenção,
mas ninguém vê minha escuridão.
Cada curtida é só paliativo,
pra um coração que grita, cativo.
No feed sou forte, sou vencedor,
mas fora da rede, sou só dor.
A vida real me cobra demais,
e a internet só dá “likes” banais.
Fiz da validação meu pão diário,
mas ela é veneno, é solitário.
Me escondo em filtros, em frases feitas,
mas minha alma já anda desfeita.
Sou prisioneiro da própria imagem,
refém da tela, sem coragem.
E se um dia a rede apagar,
quem vai lembrar de me procurar?
Será que existo sem conexão,
ou sou só dados em transição?
Na penumbra do quarto, o silêncio é rei,
Mas a mente desperta, não dorme, não tem lei.
O travesseiro é palco de mil pensamentos,
E o celular, cúmplice dos meus tormentos.
A tela acende, como farol no escuro,
Prometendo alívio e refúgio seguro.
Mas cada toque, cada rolagem sem fim,
Me afasta do sono, me prende ali.
Notificações como sussurros sutis,
Me chamam de volta, me fazem aprendiz
De uma vigília que nunca termina,
Onde o tempo escorre e a paz se declina.
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