O ILUMINISMO NA HISTÓRIA DA IGREJA CONTEMPORÂNEA
O iluminismo foi um movimento filosófico
do Séc. XVIII que marcou o início do período contemporâneo, pois, muito de seus pensamentos
provocaram ações que moldaram a sociedade nos padrões que chegaram aos nossos dias,
muitas de suas ênfases tiveram origem em ideias advindas especialmente do renascentismo
e humanismo secular que vigoraram principalmente dos Séc. XIV ao Séc. XVI.
O humanismo destaca a importância do “homem”, e o iluminismo a “razão do homem” destacando ainda sua livre vontade
ou liberdade de “padrões” anteriores, lançando as bases do liberalismo econômico, mas também teológico. Assim, pode-se afirmar que o iluminismo é
um dos frutos ou filho do humanismo, fazendo de uma forma controversa, na França o que a
Reforma Protestante fez na Alemanha e Suíça, aproveitando ainda muito de seu pensamento social sem o foco religioso.
Esse movimento surgiu num contexto de ataque ao catolicismo e fortalecimento das monarquias (absolutista) locais ou regionais. Com o enfraquecimento do poder civil do catolicismo romano, os reis das cidades estados se fortaleceram, com o apoio dos
humanistas e da nobreza que compunha os conselhos das cidades, isso aliado ao
impacto do protestantismo.
Nesse contexto havia várias formas de igrejas,
aquela que ainda dominava ou exercia influencia sobre o Estado (catolicismo),
aquelas que se tornaram bastante ligadas ou dependentes do apoio dos monarcas,
estados ou magistrados e as denominações mais radicalmente independentes
(protestantismo) ou ecumênicas.
Desta forma, os conselhos das cidades estados acabaram tendo uma boa relação com o monarca, dando-lhes muitas vezes lugar de destaque até mesmo nas questões de controvérsias religiosas nas igrejas. O iluminismo defendia a separação definitiva da igreja do estado, seja ela católica ou protestante. Sendo também fruto da pós-modernidade, atacava qualquer forma de absolutismo seja ele do monarca ou da igreja.
O conceito de “Verdade Absoluta” é abandonado
pela “crítica da razão”, ou pelo “criticismo” negando todo fundamento ou
conhecimento que não possa ser analisado ou provado pela razão, na prática é o desenvolvimento do conceito da “verdade relativa” da pós-modernidade sintetizada com a
busca pelo “conhecimento empírico ou comprovado” advindo da modernidade
renascentista. Basicamente a regra principal era, tudo que tinha sido dito pela
tradição ou por qualquer autoridade que fosse, devia ser questionada pela razão
individual.
O movimento ganhou força entre a própria burguesia e membros descontentes da nobreza. Que desejavam mais liberdade econômica e igualdade. Outro ponto que buscavam era um tipo de "fraternidade intelectual", baseada no "conhecimento" e não em dogmas, que no contexto se tornará motivo de muitas controvérsias e divisões "denominacionais". Os ideais de liberdade, igualdade, tolerância religiosa, fraternidade, filantropia e ações sociais, ganhou a simpatia e defensores de todas as classes da sociedade, independente de etnia ou sexo.
A filantropia ou ações sociais desse
contexto ganharam mais força diante das necessidades e dificuldades provocadas através da “revolução industrial”. O iluminismo é um tipo de
"reforma social e intelectual" que veio principalmente pelas vias da
filosofia, através da classe média insatisfeita, empresariado que sustentava o
clero e ou/ a monarquia, sofrendo pressão ou se compadecendo da situação das
classes menos favorecidas, e direta ou indiretamente acabaria fundamentando o capitalismo e livre mercado através de ações da aristocracia e burguesia, mas também o socialismo fazendo uso da coletividade em seus ideais.
O espírito de liberdade e igualdade do
iluminismo teve sua maior expressão na "revolução francesa", mas
também influenciou outros movimentos semelhantes na Europa e na América. De
certa forma, influenciada pelos ideais do humanismo.
O iluminismo lança a base para outras hermenêuticas, momentos depois. No campo da teologia tinha a razão com principal ferramenta de análise da fé, dogma, tradição ou ortodoxia seja ela qual for. Promovendo o liberalismo também no campo religioso. Assim o iluminismo filosófico entrou em linha de colisão e embate com a teologia católica e protestante. Immunuel Kant (1724-1804), Georg Hegel (1770-1831), Soren Kierkegaard (1813-1855), Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Nietzsche (1844-1900) são expoentes do pensamento que evoluiu desse período.
Fortalecendo um ponto de conflito entre
fé (dogmas) e razão. Nesse ponto surgiu também o Deísmo, a crença que existe um deus nas estrelas que não se revelou, não se interessa ou não interfere nas questões da terra e Leis Morais entre os homens. O pietismo aparece como reação ao racionalismo,
tanto dentro como fora das igrejas e universidades. Contudo, o pietismo também
tem um ponto em comum com o racionalismo, lançando críticas a fé teórica dogmática, buscava aquilo que era prático e não comprovação de doutrinas cristãs debatidas e recebidas ao longo da história.
O pietismo se propondo ser algo "bíblico-prático", lançou a base para o evangelicalismo em seguida. Alimentando e acirrando a discussão em torno do academicismo teológico, sugerindo um evangelismo mais pragmático, promovendo um ponto de separação entre a teologia/doutrina ou dogmas vs
oração, avivamento "espiritual", evangelismo e ação social. Um tipo de conflito entre razão
ortodoxa vs coração e emoção/experiência e luz interior (misticismo), o que acaba também
apelando para um tipo de luz derivada do homem. Esses movimentos sofrem diretamente o impacto da época que ficou também conhecida por “era das luzes”.
O quietismo é outro movimento que surge
nesse contexto, bem semelhante ao pietismo, contudo seu foco é na anulação da
vontade do indivíduo, enquanto a razão do homem era exaltada e elogiada
pela maioria dos humanistas e especialmente pelos iluministas o quietismo buscava ser basicamente um contraponto nessa questão, buscando a acomodação social, racional e espiritual do homem, num tipo de misticismo "meditativo" ou estado de quietude de mente "inativa".
O iluminismo inicialmente destacou
ainda o conceito de democracia e participação popular nas decisões políticas,
defendendo o liberalismo econômico e assim fortalecendo especialmente o capitalismo.
Outro fruto desse contexto, como já mencionado foi o "desenvolvimento e revolução
industrial" surgindo como resultado do liberalismo econômico.
Rev. Ivanildo Soares dos Anjos
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