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segunda-feira, 18 de junho de 2012

IX. Um Acordo Inesperado


Dois dias depois voltei a Biblioteca para continuar a minha leitura sobre história da arte, e rever uns livros de poesia, antes de ir almoçar no lugar de costume juntamente com o Max.

Fui novamente recebido pela jovem e simpática bibliotecária. E me dirigi às prateleiras que eu já conhecia muito bem, onde se encontrava os livros de artes e poesia, chegando defronte delas tive uma supressa, os livros de minha preferência não se encontravam mais lá. Procurei um pouco e não os encontrei nem nas prateleiras vizinhas... Então, fui até a senhorita bibliotecária: 

- Você pode me informar onde se encontram os livros que estavam naquelas prateleiras? - perguntei indicando as prateleiras. 

- Está naquelas outras! - respondeu apontando para as prateleiras, que estavam do lado oposto as que eu procurava.

- Obrigado! – Fui em direção à elas murmurando comigo mesmo: “estão mesmo mudando tudo por aqui, quando D. Benina voltar, o bicho vai pegar por aqui.”    

Peguei o livro, e me dirigi para mesa de estudos, havia várias pessoas sentadas em algumas das cadeiras da grande mesa, mas não prestei muita atenção nelas, pois já folheava o livro para ganhar tempo caminhando até o meu local de estudo. Sentei-me já concentrado no meu livro, mais ainda tentando encontrar a página em que havia parado a leitura dois dias antes. Quando os meus pensamentos voltaram-se para o a casa da amiga do Fabrício, me vieram à lembrança o portão, o jardim, a fonte, a escada e tantos outros detalhes da casa e do jardim, desde os bancos com sua luminárias como a belíssima vista da varanda. 

“Aquilo é que é arte e bom gosto” – conclui comigo mesmo. – Que desfeita a amiga do Fabrício fez, quem será essa riquinha que queria me conhecer, não acho que ela seja tão simpática como Fabrício fala, deve ser essas burguesinhas enfatuadas, mas pelo menos a mãe dela é muito gentil.

Falar em enfatuada, onde estará Mariane nesse momento, será que está pensando em mim? Pouco provável. Estou começando a acreditar que ela realmente não gosta de mim, pelo menos não tem demonstrado muito interesse. E por onde andará aquela jovem do jardim? Mas, nada disso tinha real importância, eu me sentia sozinho e de certa forma vazio. 

Comecei a sentir que estava sendo observado, não sei por que me sentia assim. Quando levantei cautelosamente e meio que desconfiado o olhar... Tomei um grande susto que quase me parou o coração que parecia cair ao chão, de tão forte que bateu, passei as mãos nos olhos para ter certeza se o que via era de fato realidade, mesmo assim ainda tive dúvida do que eu estava vendo, mas aos pouco pude ter certeza mesmo duvidando do que estava diante de mim, e mesmo sem acreditar que era, aceitei que fosse, e só podia ser, pois eu ainda e certamente não estava louco, como essas palavras era a confusão em minha mente... - É ela?!!!

Não estava tão elegante como das outras vezes, mas não perdia de forma alguma sua postura de madame. Mas, o que ela estaria fazendo aqui numa biblioteca pública?! Em sua casa deve ter uma grande biblioteca, com enorme acervo de livros. Entretanto, ali estava ela diante de meus olhos à procura de algum livro... pegou um então, e virou-se para a mesa onde eu estava, voltei rapidamente meu olhar para o livro que estava comigo, para que ela não percebesse que eu à olhava de forma tão concentrada.

Quando de repente, percebi alguém se aproximando demais do lugar onde eu estava, meu coração começou a gelar, quando uma voz o fez disparar desesperadamente outra vez...

- Bom dia! - disse suavemente. 

- Bom.. dia!! – respondi com dificuldades. 

- Ela sentou-se numa cadeira de frente para minha, enquanto o meu coração permanecia inquieto... não sei por que, parecia que ia explodir... ela não falou mais nada, passou a olhar o livro que trouxera consigo, folheou-o algumas vezes, parava em algumas paginas e lia, eu estava ali estático a observá-la de forma tímida e discreta, quando voltei ao normal, ou quase, recuperei um pouco minha mobilidade e lucidez, tentei reorganizar os meus pensamentos, e conduzir a minha atenção ao meu livro, ou melhor, ao livro da biblioteca que estava em minha mão, tentei ler alguma coisa nele, mas já não conseguia entender um frase sequer, quando ela quebrou novamente de forma doce, aquele silêncio insuportável e desesperador. 

- Desculpe-me interromper sua leitura. – disse ela.

- Você não atrapalhou não, eu já estava um pouco distraído.

- Você é aquele rapaz que estava pintando, outro dia no jardim da Cidade?

- Sou... eu... acho! – na verdade eu sabia que era, apesar de não conseguir raciocinar direito, pois continuava meio confuso sentia uma sensação muito estranha, estava muito nervoso, parecia que meu corpo estava todo energizado.

- Por que acha! 

- Que pintura era? – perguntei numa tentativa de encobrir meu nervosismo e em vão provar que tudo estava sobre meu controle emocional.

            - Acho que um ninho! – falou.

- Fui eu mesmo! – certamente fui eu. 

- Me desenha!! – disse-me inesperadamente.

- Desenho! – respondi no susto, sem acreditar... no que acabara de ouvi.

             - Quando? – perguntou imediatamente para minha surpresa.

- Qualquer dia desses! – falei meio confuso.

- Vou te lembra, viu. – disse ela 

- Está bem! – respondi com um leve sorriso de alívio. 

- O que você está lendo? – perguntou.

- Nada demais, umas besteiras para passar o tempo.

- Poesia!! – falou surpresa, olhando educadamente as capas dos livros que estavam comigo na mesa.

- Você gosta? – perguntou.

- Um pouco... – respondi meio sem graça.

- Eu sou louca por poesia. - Foi quando percebi que ela também lia um livro de poesia.

- Coincidência! – falou ela.

- É...

- É raro um rapaz gostar de poesia em nossos dias...

- Não acho! – falei. 

- Você é o primeiro que eu vejo.

- Eu conheço alguns outros. – falei. 

- Acredito... – falou em tom irônico.

- Acredite, é sério, tenho alguns amigos que sempre lêem livros como estes.

- Está bem, então. – murmurou sincera.

- Você vem aqui sempre? – perguntou.

- Venho sempre. E você?? 

- Esta é a segunda vez – disse ela.

- Pensei que você vinha aqui a mais tempo. – falei.

- Gostaria, mas o meu tempo é curto, e isso me priva de algumas coisas, eu sempre estou estudando, viajando, fazendo uma série de outras coisas. 

- É parece que você, vive bem ocupada.

- Muito, e o pouco tempo que tenho para descansar, eu divido e tento fazer algo diferente e me distrair um pouco, caminhando pela Cidade, as vezes vou ao Jardim ou venho aqui ler alguma coisa diferente.

- Faz tempo que você chegou? – perguntei. 

- Cheguei antes de você – respondeu.

- Foi! Eu não lhe vi.

- Você entrou, tão distraído procurando algo, foi aquelas prateleiras depois voltou falou com a moça ali e pegou esses livros... Que livro está lendo desde o início? – perguntou interessada em ver a capa do livro em minhas mãos. Ficou ainda mais surpresa quando mostrei-lhe. – Impressionante, você gosta mesmo de arte, lendo sobre a história da arte. – completou.

- É tenho curiosidade, quero compreender melhor a evolução e desenvolvimento da arte em geral, desde a arte plástica como arquitetônica.

- Muito bom, um dia vou querer que você me ensine um pouco sobre isso, também gosto muito de arte, é algo que sempre me impressionou, pena que não tenho como me dedicar no estudo da arte como eu queria, as vezes tento desenhar algo, mas... - Como é mesmo o seu nome?

- Íthalo, e o seu é Helenice se não me engano, acho que ouvi alguém lhe chamar por esse nome no Jardim. 

- Sim, meu nome é Helenice... Sr. Íthalo, foi um prazer encontrá-lo aqui, mas vou ter que ir agora, apesar da conversa está muito agradável, tenho um compromisso daqui a meia hora, queria muito ficar, entretanto, gosto de ser pontual com minhas responsabilidades. -  falou levantando-se suavemente, e dando-me sua mão para que a beijasse, assim beijei-a levemente sobre a luva.

- O prazer foi meu, Senhorita Helenice. 

Ela olhou-me com aquele sorriso encantador, que devasta qualquer coração... 

- Foi muito bom estar com você Íthalo, mas agora tenho que ir, pois tenho aula de canto daqui a alguns minutos, é uma pena que ela seja hoje. 

- Você canta? – perguntei bizonhamente. 

- Um pouco... 

- Quero vê-la cantar qualquer dia... 

- E eu quero meu desenho... – falou com um sorriso. 

- Está bem, nada mais justo, rss.. será um prazer desenhar você. 

- Acertado então, em breve nos veremos Íthalo. – falou saindo lentamente, e foi embora. 

Fiquei ali confuso, sem saber se o que aconteceu, havia mesmo sido real ou uma espécie de sonho... ela veio como o vento numa sala, jogando todos os papéis no ar, e saindo suavemente como uma brisa, deixando os papeis jogados ao chão desordenadamente, assim como ficam esses papeis ficaram os meus pensamentos nesse momento. Fiquei um tanto perdido, e quando voltei a realidade, lembrei que estava na biblioteca e com um livro na mão, que não mais interessava-me, ainda tentei em vão ler algumas páginas, mas meus pensamentos estavam distantes e não entendia frase alguma do que tentava ler. 



Um comentário:

  1. Ahhhh que lindo !!!
    Até que fim eles conversaram rsrsrsrsrsrsrs
    Muito bom meu amigo !!!

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