Orgulho: Espelho do Ego
No silêncio da mente, ergue-se um rei,
Vestindo vanglória e vaidade.
O ego caminha, altivo, sem lei,
Num trono de sombras e falsas verdades.
Fala de conquistas e méritos próprios,
Se alimenta de aplausos e auto elogio.
Mas no fundo, coitado, só quer atenção,
Um pouco de afeto, talvez compaixão.
O orgulho é muro que separa o abraço,
Nó que aperta o coração,
Silêncio onde caberia um afago.
Vaidade disfarçada de razão.
Se o orgulho bater na porta,
Deixe-o lá sozinho.
Abra espaço para humildade,
E siga leve como um passarinho.
No espelho da alma, o ego se exibe,
Vestindo vanglória, de tudo que vive.
O orgulho caminha com passos de rei,
Erguendo muralhas por onde ele vai.
Não pede desculpas, não volta a trás,
Prefere ser pedra, do que se curvar.
O ego quer aplausos, holofotes, poder,
O orgulho quer tronos que não quer ceder.
Mas ambos se perdem na própria ilusão,
Confundem respeito com dominação.
Orgulho é sombra que finge ser luz,
É voz que grita no meio da paz.
Constrói castelos sobre vaidades,
Mas, com o tempo tudo se desfaz.
O Ego, quer ser o centro da atenção,
Sempre querendo ter razão,
Confunde temor com admiração,
Se perde na própria ilusão.
Mas quando o ego se cala, enfim,
Brota a verdade, suave e sutil:
Que as pessoas são mais importantes,
Que o orgulho infantil.
Ego vs. Humildade
Peça de teatro em um ato, com elementos de cordel e repente.
CENÁRIO
Um terreiro de vila no sertão nordestino. Há um palco improvisado com bandeirolas, sanfona ao fundo e uma roda de gente animada. No centro, dois personagens se encaram: Ego, vestido com roupas chamativas e brilhantes; Humildade, simples, sereno, com chapéu de palha e olhar tranquilo.
PERSONAGENS
• Ego: Arrogante, espalhafatoso, sempre querendo ser o centro das atenções. Fala alto e gesticula muito.
• Humildade: Calmo, sábio, fala com firmeza e doçura. Usa palavras simples e profundas.
• Narrador: Conta a história e interage com o público.
• Povo: Plateia que reage, aplaude, comenta e participa com entusiasmo.
ATO ÚNICO
Narrador (entra com voz de cordel):
No terreiro da vaidade, vai começar a confusão,
Dois cabras vão se enfrentar, cada um com sua razão.
De um lado vem o Ego, com pompa e ostentação,
Do outro, a Humildade, com paz no coração.
(Ego entra dançando, jogando confete e fazendo pose)
Ego:
Eu sou o brilho do mundo, sou estrela, sou clarão!
Quem me vê já se encanta, quem me ouve bate mão.
Não preciso de ninguém, sou poder e decisão,
Humildade que se esconda, que eu sou a solução!
(Humildade entra devagar, cumprimentando o povo com respeito)
Humildade:
Quem se acha tão grande, esquece da direção.
A vida é feita de encontros, de escuta e de perdão.
Não se mede um cabra bom pela roupa ou ostentação,
Mas pelo que ele reparte, com amor e compaixão.
(O povo reage: “Oxente, falou bonito!”)
Ego (inflado):
Compadecer é fraqueza, eu sou força, sou ação!
Se eu mando, o mundo obedece, sou dono da situação.
Humildade é pra quem perde, pra quem vive na solidão,
Eu sou festa, sou poder, sou pura revolução!
Humildade (com sorriso):
Revolução sem respeito vira só confusão.
Quem escuta o outro cresce, quem se cala tem razão.
O maior não é quem grita, nem quem sobe no balcão,
É quem ajuda em silêncio, sem buscar aprovação.
Narrador (com ritmo de repente):
O duelo foi bonito, cada um com seu refrão,
Mas o povo já percebe quem tem mais coração.
Ego abaixa a cabeça, sente a tal transformação,
Humildade vence o embate com sabedoria e chão.
(Ego se aproxima de Humildade, estende a mão com humildade recém-descoberta)
Ego:
Talvez eu tenha falhado, fui vaidade e ilusão.
Mas aprendi com teu verso, com tua paz e tua mão.
Se quiser, me ensina a ser mais gente, menos patrão,
Pois quem anda com verdade nunca cai na escuridão.
(O povo aplaude, a sanfona toca, e todos dançam juntos no final)
ENCERRAMENTO MUSICAL
Todos cantam juntos uma quadrinha final:
“No sertão da consciência, quem vence é quem sabe amar,
O ego pode espernear, mas a humildade vai ficar.
Que essa peça vire espelho, pra quem quiser se encontrar,
Pois o maior dos cabras é quem sabe escutar.”
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