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sexta-feira, 29 de abril de 2011

II - Distração

*Este texto é a segunda parte do Romance. Você pode ler as outras partes clicando nos links ao lado do texto.

   


Alguns dias depois eu estava sentado no banco do jardim, à pensar bobagens... Quando novamente apareceu-me aquela intrigante senhorita, que tão elegante quanto da outra vez, passeava faceiramente de forma irradiante, entre as flores do jardim, logo passei a observá-la até que involuntariamente, eu não conseguia desviar meu olhar, nem minha atenção para outra coisa. Custou um pouco para ela perceber que eu à olhava.
Quando percebeu, não deu muita importância, creio... mesmo assim eu tentei disfarçar, um pouco que sem jeito, e ela sem se importar ou fazendo pouco caso continuava o seu passeio indiferente, como se não houvesse ninguém ali à observar-lhe, ela não me dirigiu mais o olhar, entretanto fiquei a fitá-la, até ocultar-se entre as roseiras que ali haviam.
Não me importei com esse seu desprezo, pois nem a conhecia. Só lhe admirava, a beleza e o bom gosto, que se denunciava em sua elegância. À noite, estava eu escutando meus discos, quando repentinamente me veio a memória a antipática e elegante senhorita do jardim...
Ela deve ser uma burguesinha com certeza, só o carrão que veio buscá-la naquele outro dia, deve custar, toda a minha vida de trabalho, e seus trajes não escondem sua riqueza e vaidade, nem seus passos escondem o seu orgulho. Com o nariz empinado e o rosto de pó... ah ah ah essas madames me fazem, ate rir, parecem aqueles artistas cômicos, com a cara toda pintada...  toc... toc...  estava quase me acabando em risadas, quando alguém bateu em minha porta. Toc... toc...
- Quem é?
- Abre aqui, deixa de conversa pela voz, reconheci o individuo. - Abri a porta.
- Que queres Brutus uma hora dessas, o que tens à fazer?
- Vim ver o que tem pra fazer aqui - falou debochado.
- Como estais Max? - perguntei estendendo-lhe a mão.
- Estou bem. Tudo se mantém na normalidade.
- Queira fazer o favor de entrar, sabes que a casa e nossa.
- Eu estava passando por aqui e resolvi parar um pouco, para jogar uma partidinha de xadrez, como sei que tu não perdes uma oportunidade de massacrar os amigos.
- Que e isso Max, as coisas não são bem assim, e vocês dão moleza.
- Deixa de conversa hoje eu vim para ganhar disse ele eufórico.
- Agora fiquei animado falei indo buscar o tabuleiro.
- Escrevesse mais alguma coisa Íthalo.
- Escrevi um pequeno verso vazio.
- Depois eu quero vê-lo.
- É uma coisa vil, ordinária... - eu sempre tive mania de escrever bobagens, alguns amigos gostam de vê, e Max é um deles.
- Quer as brancas ou as pretas? - perguntei apontando-lhe as pecas do xadrez.
- Pra mim tanto faz.
- Olha parece que hoje vieste para jogar mesmo Brutus.
- Jogar e ganhar, estais pensando o que Cezar?
- Conversa eu já vi muitas, quero vê jogo - falei desafiando-o...
Já estávamos bem adiantando na partida, quando alguém bateu novamente à porta.
- Quem é? - perguntei
- Fabrício.
- Entra Fabrício.
- Como estais? - entrou com aquela velha pergunta cordial.
- Estou bem. Para onde estás indo vestido assim, parecendo um pingüim??
- Deve ir se encontra com os burgueses disse Max.
- Vou à um encontro de amigos, são realmente riquinhos, mas alguns são muito legais, e uma delas quer te conhecer. - Disse dirigindo-se a mim.
- Quem?! - Perguntei altamente surpreso. - Por que??? – Completei.
- Por que a supressa? Vida de artista é assim mesmo.
- Quem é a tal pessoa? – Perguntei novamente.
- É uma amiga minha, uma pessoa muito legal, ela viu aquele quadro que fizeste pra mim, e gostou, tanto que quer conhecer o artista.
- Olha só Íthalo conquistando corações. - Disse o debochado Max.
- Quando? – Perguntei.
- Quando, o que? – Replicou.
- Iremos Fabrício?
- Ficou interessado Fabrício. - Disse Max com se sarcasmo novamente.
- Agora eu vim só buscar-te. – Disse Fabrício.
- Agora não. – Falei decididamente.
- Por que? - retrucou Fabrício.
- Por que hoje não posso, tenho que fazer algumas coisas...
- Então quando podes ir? – perguntou ele.
- Que tal terça. – Respondi.
- Mas hoje ainda é quinta.
- Xeque!! - gritou Max ameaçando meu rei.
- Só terça. - Disse com firmeza. – E fim de conversa, perdi minha concentração e estou quase  encurralado, por tua causa Fabrício.
- Ela é bonita, Fabrício? - perguntou Max.
- É muito bonita, e é a mais legal da turma. - Respondeu ele.
- Estais esperando o que Íthalo? - falou Max.
- Somente terça – resmunguei, tentando reorganizar minha situação na partida.
- Íthalo, a minha amiga não é de se deixar esperando. - Disse Fabrício.
- Vocês não prestam mesmo, ela só quer conhecer o pintor, não namorar com ele. - Falei.
- Mas, ela pediu com tanta vontade, que até suspeito.
- Ela deve está pensando, que sou alto, forte, loiro de olhos azuis, e da burguesia, quando me ver, magrelo, de baixa estatura, feio, e todo desarrumando, ela vai dizer, Foi esse... que fez aquele quadro?? Não acredito, passei momentos dos meus dias pensando como ele era e é esse baixinho. rsrss...
- Xeque-Mate - gritou Max com euforia fora do comum.
- O quê??? - Voltei-me para o tabuleiro com espanto, e lá estava o rei sem saída, pois a uns três ou quatro lances, eu não prestara atenção nos movimentos mafiosos de Max. Nesse mesmo momento começaram a rir e a dizer coisas ridículas de minha derrota.
- Esperem... – Eu tentava inutilmente chamar-lhes a atenção, para começar alguma justificativa.
- Perdeste, perdeste. - falavam em coro.
- Esperem... eu sou humano, estou sujeito tanto à derrotas, como vitorias.
- Xeque-Mate, Xeque-Mate Sholal. - Diziam sem me ouvir. - Vocês tiraram a minha atenção. – Insistia sem muito sucesso.
- Conversa tu é ruim mesmo, rsrss... - Diziam.
- Eu vou andando Sr. Sholal, vou dizer a ela que o bonitão só pode ir terça, por que hoje está perdendo algumas partidas de xadrez.
- Vai nessa pingüim, só perdi por causa de ti.
- Conversa, desculpa de jogador fraco é assim mesmo.. rs... até terça.
- Ok! Vai pela sombra e cuidado com os postes.. rsrss...
- Por que não fosse Íthalo - Perguntou Max.
- Minhas roupas, estão velhas e sujas, e pelo visto ela deve ser bem riquinha, mas deve ser legal mesmo, para Fabrício falar como falou dela, logo ele que não simpatiza com ninguém.
- Fabrício é todo estranho mesmo, e se ela for bonita, ou feia, legal ou não, não importa. Ela deve ser uma burguesinha enjoada como tantas outras.
- Falar nisso Max, eu vi uma princesa esses dias, no jardim da cidade.
- Ah! Íthalo tu sempre diz isso.
- Sempre não, e dessa vez é diferente Max, ela realmente parece uma princesa, e tão bonita quanto as vestes, só tem um grande defeito.
- Qual??
- É muito orgulhosa.
- Por que dizes isso tu já a conheces? – replicou.
- Não mais a maneira que ela se portava, já disse tudo.
- Pode ser que não, as vezes as pessoas não são como pensamos.
- Só as vezes Max, só as vezes e isso é raramente.
- E Mariane? - perguntou
- É um caso a parte.
- Esquece essa mulher Ítalo.
- Já tentei...
- Tentasse nada, tentasse convencer ela.
- Tentei também... convencer do que??
- De nada Íthalo.
- Não estou entendendo nada.
- Eu também não...
- Esta tudo sem sentido.
- Sem sentido estais, Íthalo Sholal.
- Eu estou bem lúcido...
- E como levasse um Xeque-Mate tão simples? Isso dificilmente acontece contigo.
- Nada... Vamos outra partida, vou ficar mais atento agora já que aquele Fabrício não está mais aqui...
- Mas teu coração está, tem certeza que quer perder outras, rsrss...
- Essa eu quero ver, vamos agora...

Continua...


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